segunda-feira, 5 de julho de 2010

Resenha do Livro: Crer é Também Pensar - John R. W. Stott

1. Referência Bibliográfica:

STOTT, John Robert Walmsley. Crer é também pensar. Tradução do original em inglês Your Mind Matters, A importância da mente na vida cristã. Trad. Milton Azevedo Andrade. Nona impressão. ABU Editora. São Paulo, SP. 1972, 60p.

2. Credenciais do autor:

John Robert Walmsley Stott, hoje com aproximadamente 88 anos e vivendo em uma casa de repouso no sul da Inglaterra, é Escritor, pregador e evangelista, as suas obras dão uma importante contribuição à literatura cristã, entre elas: Cristianismo Básico, Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, Mentalidade Cristã, entre outros.

Stott foi Pastor da Igreja Anglicana All Souls no centro de Londres, como capelão honorário da rainha Elizabeth, líder da Aliança Evangélica Britânica. Foi preletor do Congresso de Evangelização Mundial em Lausanne, na Suíça em 1974 e posteriormente serviu como membro do Comitê do Movimento de Lausanne.

John Stott já esteve várias vezes na América Latina e foi um dos incentivadores na fundação da Fraternidade Teológica Latino Americana (FTL).
3. Apresentação da obra:

O livro “Crer é Também Pensar” é uma obra dissertativa, formada por quatro capítulos e dez subdivisões. Foi publicado na Inglaterra pela InterVarsity Press, em 1972 com o título: Your Mind Matters, algo como “Sua mente tem importância”. Sua 1ª edição em português foi publicada em 1978 com o Título “Crer é Também Pensar”, o que deu mais ênfase ao próprio conteúdo do livro. A obra se propõe a explicar o verdadeiro lugar da mente na vida cristã, sua importância e aplicação prática na vida do cristão e faz com que os crentes se mostrem mais dedicados ao constante aprendizado da verdade divina.

4. Resumo da obra:

O primeiro capítulo, Cristianismo de Mente Vazia, Stott combate o a nti-intelectualismo dos crentes. Atualmente algúns crentes desprezam a doutrina em busca a prática, ou seja, se tornam crentes pragmáticos. Porém, o autor deixa bem claro que a doutrina é acompanhada da prática. Stott cite três grupos que fazem este: Os católicos que, por serem demasiadamente ritualistas, tornam o seu relacionamento com Deus algo mecânico. O segundo grupo, chamado de cristãos radicais, são adeptos da ação social e do ecumenismo, que serve como forma de esconder sua ignorância e abandono da sã doutrina. O terceiro, os crentes pentecostais, que enfatizam as experiências com Deus e, algumas vezes, são levados a um cristianismo subjetivo e emocional, deixando de lado a doutrina bíblica essencial.

O segundo capítulo, “ Porque usar nossas mentes? ” Stott enfatiza que a proclamação do evangelho salvífico de Jesus Cristo depende do ato do pensamento humano, combatendo assim, a postura vazia dos ignorantes. Ele relata que para o cristão pensar significa conquistar “almas” para Jesus num mundo que, cada vez mais, impõe suas mentiras querendo se opor as verdades que Deus nos deixou. O ato de usarmos nossas mentes como cristãos é de suma importância para entendermos e conhecermos melhor a fé que temos e assim, podermos colocar em prática em benefício de nosso próximo que ainda não conhece a verade do evangelho. As boas novas e Jesus, devem ser proclamadas usando a mente humana. Um dos pontos em defesa disto, Stott encontra na criação, pois fomos criados a imagem e semelhança de Deus com plena capacidade mental, o que nos difere dos animais, sendo nós “superiores” mentalmente em relação a estes. Em toda Escritura se vê exemplos de racionalidade humana, como em Gênesis na construção a Arca de Noé, entre outros mais. Ao homem cabe um comportamento diferente ao dos animais por ser diferente deles. É verdade que nossa mente foi deteriorada com a entrada do pecado, mas em todo momento e mesmo assim, Deus nos chama a fazer uso de nossa racionalidade e colocar nossos pensamentos nas verdades dele e sobre nossa mente carnal, para que não sejamos insensatos no ato de pensar. Outro ponto tocado por Stott é a doutrina da revelação que, ao contrário de que muitos argumentam, não faz a mente algo desnecessário, na verdade a torna indispensável no relacionamento cristão. Nós temos o dever de recebermos a mensagem revelada, submetermo-nos a ela, tentarmos assimilá-la e aplicá-la em nossa realidade hoje.

No terceiro capítulo, a mente na vida cristã, Stott coloca os motivos segundo os quais Deus deseja que usemos nossas mentes e, para isto, ele lista seis características a vida cristã.

O culto verdadeiro, falando que não devemos desprezar nossas mentes quando vamos cultuar a Deus. O verdadeiro culto é aquele prestado por cristãos de mente ativa e conhecedora dos atributo da fé cristã e concentrada em produzir bons frutos.
A fé é o segundo item listado pelo autor, que o define como essencialmente racional, porque se baseia na essência divina de que Deus é digno de receber todo crédito.

A busca da santidade é a terceira característica destacada por Stott, que deixa claro que tal busca começa com uma definição de “santo”, sendo todo aquele que Deus deseja que sejamos. Tal definição é reforçada pelo próprio autor quando diz:

“Não basta sabermos o que deveríamos ser, entretanto temos de ir mais além, resolvendo, em nossas mentes, a alcançá-la. É pela renovação de nossa mente que nosso caráter e comportamento se transformam”.

No quarto exemplo, a direção dada ao cristão, John Stott fala sobre a responsabilidade que tôo cristão deve ter em conhecer a vontade de Deus. Esta vontade é expressa de duas maneiras: Vontade geral ou universal, Nós somos imagem e semelhança de Deus. Vontade particular, onde Deus atua nos orientando através da Bíblia, nos caminhos corretos a serem seguidos.

A quinta característica, a apresentação o evangelho, o autor ressalta que a base para esta evangelização deve ser concreta, com uma mensagem baseada em um conhecimento profundo

O último ponto a ser tratado pelo autor é a questão dos mistérios e seus dons. Neste ele enfatiza que os dons espirituais estão ligados ao uso da nossa racionalidade. Ele diz que o ministério cristão é o ensino e este vem acompanhado da capacitação espiritual e sobrenatural.
No quarto capítulo, aplicando o nosso conhecimento, Stott faz um resumo de tudo o que ele comentou anteriormente e nos propõe a fazer uso do que foi aprendido em nossa caminhada cristã. Ele destaca que este conhecimento deve nos levar a quatro atitudes: a adoração, à fé, à santidade e ao amor.

“Porque o Senhor dá a sabedoria, da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento”. (Pv 2:6)

5. Análise crítica:

A obra fornece subsídios ao nosso entendimento sobre como o uso de nossa mente é importante para o serviço cristão nos dias atuais. Brilhantemente exposta pelo autor John Stott, constitui de estilo claro e progressivo, dos principais fatores que envolvem a mente na fé cristã.
Os exemplos citados pelo autor nos ajudam a entender o papel da mente na vida de um crente, possibilitando maior amadurecimento sobre questões como: santidade, evangelização, vontade de Deus, entre outras.

6. Recomendações do resenhista:

A obra pode ser recomendada a todo cristão já com algum conhecimento e, especialmente, àqueles que se dedicam ao estudo teológico mais aprofundado. Serve de base também para pregações dos pastores em seus sermões, por tratar de questões essenciais da vida cristã que devem ser faladas na congregação como por exemplo: fé e razão, santidade, culto, dons, evangelização e amor.

7. Identificação do resenhista:

Luiz Gustavo de Carvalho Brandão Athayde
Seminarista do SAT/PB – Seminário Anglicano Teológico.

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